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Uma crise de confiança na informação

Fotografia: Ronda Dorsey na Unsplash

No relatório global de 2025, o Edelman Trust Barometer refere que o “medo de que os líderes nos mintam está mais alto do que nunca”. A percentagem de pessoas que concorda que os líderes governamentais (69%), os líderes de mercado (68%) e os jornalistas e repórteres (70%), “propositadamente, induzem em erro ao dizerem coisas que sabem ser falsas ou exagerações grosseiras” cresceu 11%, 12% e 11%, respetivamente, entre 2021 e 2025. Existe uma quebra na confiança em figuras habitualmente reconhecidas como veículos de informação crível, resultado daquilo a que o Edelman Trust Barometer chamou de crise do ressentimento – provocada por uma “geração de fracassos institucionais”.

Destaca-se, também, que existe mais confiança nos cientistas (77%) e nos professores (75%) do que em líderes governamentais (47%) para fazerem o que é certo. 

Por outro lado, este relatório verificou que 63% dos respondentes concorda que está a tornar-se cada vez mais difícil perceber se as notícias são provenientes de órgãos de informação respeitáveis ou de um indivíduo a tentar enganar outros. A confiança em todos fontes de acesso a notícias decresceu: os motores de busca apresentam 63% de confiança (menos cinco pontos percentuais do que em 2024), os média tradicionais são confiáveis para 58% dos respondentes (menos quatro pontos percentuais do que no ano anterior) e as redes sociais são confiadas por 42% (menos dois pontos percentuais do que em 2024). Isto remete para a generalização de fenómenos como a desinformação e para a relevância da verificação de factos – não só no jornalismo, mas também em canais de divulgação de (diversos tipos de) informação, como é o caso das redes sociais. Apesar disto, em 2024, Mark Zuckerberg terminou o programa de verificação de factos, que contava com especialistas em desinformação, na rede social Facebook. Ainda no que toca a redes sociais, o X (antigo Twitter) e o seu detentor, Elon Musk, foram considerados o epicentro da desinformação durante o período das eleições presidenciais de 2024, nos Estados Unidos da América, através da publicação de alegações falsas ou enganosas.

Por outro lado, um artigo do Nieman Lab propõe a ideia de que, no caso do jornalismo, a causa da crise de credibilidade se deve não tanto a questões em torno da imparcialidade e da objetividade do jornalismo e dos jornalistas, mas mais à perceção das audiências de que “o sector das notícias, no seu conjunto, valoriza os lucros acima da verdade ou do serviço público”. Ou seja, o reportar de notícias de forma incorreta prender-se-ia com o querer gerar audiências mais vastas e, a partir daí, aumentar lucros – o que sugere que seria mais relevante as redações confrontarem algum tipo de viés económico do que eventuais vieses políticos dos jornalistas, de forma a incrementar a confiança no jornalismo.

Nota: Os dados do relatório global do Edelman Trust Barometer de 2025 têm origem em 28 países e mais de 33.000 respondentes (cerca de 1.150 respondentes por país). As conclusões do artigo do Nieman Lab baseiam-se em 34 entrevistas online, a pessoas dos EUA.

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